Durante os nossos cursos, entrevistas ou lives (@graninhakids) surgem várias perguntas perguntas sobre educação financeira infantil. Então, resolvemos reunir algumas delas e deixar registrada nesse artigo para que possa auxiliar os pais e mães que nos acompanham.
Essas são algumas perguntas sobre educação financeira infantil recorrentes:
- Como o pai pode estimular o filho a poupar e pensar no consumo de forma consciente?
- Que argumentos a criança costuma usar para ‘convencer’ os pais?
- Qual a estratégia e o discurso que os pais devem usar?
- Qual o cuidado que os pais precisam ter diante dos argumentos e pedidos feito pela criança?
- Quais os benefícios da educação financeira na vida da criança desde cedo?
- Como você enxerga os riscos do consumismo infantil para o orçamento e as finanças da família?
- Muitos pais se sentem ‘culpados’, quando a grana não dá para comprar o que o filho pediu. Qual o conselho para afastar esta culpa?
- Quais brincadeiras que podem ajudar a ensinar educação financeira para as crianças?
- Qual a maior dificuldade na hora de conversar sobre dinheiro com crianças e como revertê-la?
Como o pai estimular o filho a poupar e pensar no consumo de forma consciente?
Em um mundo cada vez mais competitivo em que as opções de escolhas parecem cada vez mais intermináveis, aprender a lidar esse tipo de situação irá ajudar as nossas crianças não só a se tornar consumidores conscientes como irá ajudar a que tornem cidadãos conscientes.
Porque não adianta achar que iremos resolver ou educá-los através da superproteção (não deixando que nossos filhos sejam expostos a propagandas, canais de youtube que façam divulgação de brinquedos) e nem através da sub-proteção (deixando que eles se virem sozinhos com a situação).
Nós do Graninha Kids já fizemos algumas discussões e em determinado momento quase fomos tendenciosos a ser contra a propaganda. Mas nosso papel como pais, mães e educadores é dar as ferramentas e ensinar aos nossos filhos a encarar o mundo da forma como ele é.
Isso não quer dizer que não possamos lutar, em algum momento, pela diminuição dos abusos nas propagandas.
Mas o principal, e não é fácil, é estar ao lado das crianças no dia a dia para educar, ensinar, conversar. Tudo com muita calma e paciência.
Que argumentos a criança costuma usar para ‘convencer’ os pais?
Isso vai variar muito de acordo com a idade das crianças. Primeiro tem aquela fase de pedir, pedir e pedir. A propaganda na TV e Internet influencia muito as crianças. A cada brinquedo que passa na televisão vem uma frase junto: “Pai, compra esse brinquedo para mim!” Ao final de um episódio inteiro de um determinado desenho animado já foram pedidos pelo menos uns 5 brinquedos diferentes.
Depois começa a fase de se comparar com os amigos da escola, da rua, do prédio, os primos. Aí as frases começam a mudar: “Todo mundo da minha sala tem.” ou “Todos os meus amigos têm.”
E quando se acrescenta o ingrediente do “brinquedo da moda” vira um verdadeiro bombardeio. E, cada época surge um “brinquedo da moda”, isso quando não são colecionáveis. O que aumentam a pressão nos pais e mães.
Mas quando as crianças vão ficando mais velhas os argumentos do tipo “eu quero” e “todo mundo tem” vão dando lugar a outros mais elaborados. “Mãe, preciso trocar meu celular porque não tem a funcionalidade X”. Pai, a minha bicicleta é muito infantil e está muito ultrapassada, preciso trocar.”
Por outro lado, qual a estratégia e o discurso que os pais devem?
O que os pais podem fazer para contra atacar essa situação são basicamente duas coisas: Conversar (Diálogo) e Praticar (Mesada).
Infelizmente, no Brasil não temos o hábito de falar sobre dinheiro dentro de casa. As coisas estão mudando, mas ainda de forma tímida. Não é porque não se preocupam com o futuro deles, mas porque isso não se tornou hábito entre as famílias!
Por isso é que propomos a utilização da mesada. Mas o que estamos propondo é que os pais ensinem seus filhos a lidar com o dinheiro desde cedo e que não somente deem um dinheiro de vez em quando e pronto! Faz parte do nosso método o diálogo. Então a gente acredita, até por conta da idade das crianças, que esta conversa deva ser semanal. Isso ajudará, e muito, no convívio e união entre família, além de gerar conhecimento financeiro para os pequenos.
A partir do momento que você dá mesada fica mais fácil. Pensamos em uma forma bem lúdica e divertida, na qual os pais conversarão com seus filhos sobre dinheiro semanalmente e dividirão a mesada em 4 potinhos, que são: Galinha dos Ovos de Ouro, Caixinha de Natal, Diversão e Doação.
Assim, a criança pode usar a “carteirinha da diversão” para gastar com o que quiser. Isso vai fazer a criança começar a priorizar os gastos e refletir sobre o que é mais importante para ela, além de trabalhar desde cedo o conceito de orçamento, ou seja, não gastar mais do que se ganha. Criamos um ebook gratuito no qual explicamos detalhadamente como fazer.
Os pais podem fazer algumas perguntas, para a criança refletir se realmente precisa comprar aquele brinquedo. E também aproveitar para explicar que nem tudo que passa na propaganda é a verdade absoluta.
Qual o cuidado que os pais precisam ter diante dos argumentos e pedidos feito pela criança?
Monitore o que seu filho está assistindo na TV e na Internet. Você participar da vida de seu filho ou sua filha. Ninguém falou que ser pai seria fácil. Você não deve saber e entender de tudo que que seu filho está assistindo na tv ou internet, mas você deve estar por perto. Sempre atento e acompanhando.
É preciso que nós pais deixemos o caminho de comunicação aberto com nossos filhos. E isso a gente conquista através da confiança. E a confiança conquistamos com a comunicação empática. Você realmente ouve o seu filho? Em nosso site a gente detalhou como deve ser a comunicação empática entre pais e filhos. É um exercício que devemos praticar todos os dias.
Basicamente, devemos compreender o modo como a criança está sentindo o problema. Porque para ela o fato de não ter determinado brinquedo se torna um problema.
Isso, não quer dizer que iremos aceitar e concordar com tudo que eles nos dizem e pedem. Mas, ao praticar a conversa empática com nossos filhos, seremos capazes de dar respostas que farão mais sentidos para eles. Conseguiremos fugir do “porque não e pronto!”.
É claro, que como disse anteriormente, é sempre importante levar em consideração a idade das crianças. Dentro de uma loja de brinquedo no shopping, diante de vários opções de brinquedos, é muito difícil que uma criança aceite seus argumentos por mais lógicos que seja.
Agora, lembre-se que geralmente somos nós, pais e mães, que acabamos criando hábitos com nossos filhos e depois queremos eliminá-los de uma hora para outra. Por exemplo, toda vez que vai ao shopping você compra brinquedos? Toda vez que vai almoçar é o lanche com brinquedo?
Nós mesmos não podemos virar refém dos nossos hábitos.
Quais os benefícios da educação financeira na vida da criança desde cedo?
A educação financeira é fundamental. Em um país que o Governo gasta mal, teremos adultos mais preparados para lidar com o dinheiro. Pesquisas mostram que grande parte dos casamentos acabam por conflitos financeiros entre os parceiros. Se você ensinar a criança desde cedo ela vai ter muito mais chances de ter sucesso no futuro.
E, sucesso não quer dizer se tornar milionário. Nosso objetivo é que através das práticas utilizadas para educação financeira nossos filhos sejam educados também em outras áreas da vida. Pois, irá diminuir sua a ansiedade, pois não precisará ficar competindo com o colega para ter o brinquedo mais novo, mais caro, mais badalado …. O auxiliará na tomada de decisões futuras, tais como: beber porque “todo mundo” bebe; fumar porque os “amigos” fumam; fazer tatuagem porque “todo mundo” tem; entre outras coisas. Assim, pretendemos que nossos filhos tenham criticidade, autonomia e tomem decisões conscientes e maduras ao longo de suas vidas.
Como você enxerga os riscos do consumismo infantil para o orçamento e as finanças da família?
Como dito no final do parágrafo anterior, a educação financeira é apenas um reflexo da educação integral de uma criança. Então, o consumismo infantil se não for podado irá refletir em várias áreas da vida da pessoa.
O mais claro e direto é no orçamento familiar. Se você não souber dizer não para seu filho ou filha com certeza irá gastar mais do que o previsto e pode prejudicar todo o orçamento da família. Faltando dinheiro para coisas mais importantes.
Além disso, o futuro da criança pode ser moldado nessa época em que não aprendeu a gastar apenas aquilo que tem. E quando surgirem as facilidades de crédito que são dadas aos adultos, como essa criança vai se comportar?
Muitos pais se sentem ‘culpados’, quando a grana não dá para comprar o que o filho pediu. Qual o conselho para afastar esta culpa?
Sempre diga a verdade para seu filho e deixe ele saber como estão as finanças da família. A crianças são muito observadoras e ela vai entender. Talvez esse seja o maior ensinamento que os pais podem dar aos filhos. Como sair dessa situação juntos.
Não adianta apenas a gente dizer pra nossa criança que ela deve ser controlada com o uso do dinheiro. Dizer a ela para poupar. Enquanto que nós, responsáveis por elas, na prática não fazemos nada disso.
Por isso você deve aplicar o método também com seu dinheiro. Em nosso ebook gratuito temos a seção que explica como os pais devem fazer com a sua grana.
Outro ponto importante, não diga ao seu filho que “não temos dinheiro”. Por mais que a situação esteja ruim você tem dinheiro para pagar as outras contas prioritárias: moradia, comida, … Agora mostre que no momento você tem que gastar seu dinheiro com outras coisas. Então aproveite para ensinar sobre planejamento e empreendedorismo. Monte um plano de ação com seu filho. Pesquise juntos quanto custa o que ele quer. Pensem em formas diferentes de ganhar o próprio dinheiro.
Quais brincadeiras que podem ajudar a ensinar educação financeira para as crianças?
Gostamos muito dos jogos de tabuleiro. Existem diversos estudos e pesquisas indicando que os jogos de tabuleiro são excelentes para aprendizado. Isto porque eles trabalham de uma forma lúdica as situações do dia a dia. Além do que, nos ensinam também sobre questões como ganhar e perder. Fora a questão do contexto social, da brincadeira em grupo. Por isso que nós do Graninha Kids acreditamos que os jogos de tabuleiro sobre educação financeira são uma excelente ferramenta de aprendizado e convívio social.
Em nosso blog temos a análise detalhada de vários jogos de tabuleiro que gostamos: o Banco Imobiliário (ou Monopoly), o Jogo da Mesada e o Jogo Administrando o seu dinheiro.
Os jogos são divertidos, são lúdicos e uma maneira fácil de prender a atenção das crianças. E, assim, acaba passando conceitos importantes para nossos pequenos.
Qual a maior dificuldade na hora de conversar sobre dinheiro com crianças e como revertê-la?
A maior dificuldade é quando o pai quer esconder que está passando por uma situação financeira complicada. Se você falar a verdade a criança vai entender. Dê o exemplo. Não adiantar falar com seu filho que está sem dinheiro e aparecer com celular novo. A criança aprende através dos exemplos.
Os pais têm a tendência de postergar a conversa sobre dinheiro dentro de casa. Seja por achar que tem pouca grana para dar de mesada pros filhos. Seja por ficar na dúvida de quando começar. Ou por achar que não tem tempo. E isso é um grande erro.
Como mostramos acima, a forma de fazer é simples. Nem sempre o simples é fácil. Pois requer disciplina. Mas não requer muito tempo, nem muito dinheiro. O importante é a regularidade.
E quanto a idade? Sugiro que comece quando seu filho começar a pedir para comprar as coisas. No começo você não precisa falar em valores, mas comece a juntar moedinhas e trazê-lo para o processo. Com o tempo você vai aprimorando.
Se não tem muito dinheiro? Comece com R$1,00 por semana. O importante é a rotina.
E o tempo? Talvez dez minutos por semana sejam suficientes. Ao longo de um ano você conversou com seu filho durante 520 minutos.
Comece, estamos todos no mesmo caminho. Aprendendo juntos.
Essas foram algumas das principais perguntas sobre educação financeira infantil. Se ainda está com alguma dúvida, mande para nós. Escreva nos comentários.
01 abraço,
Fabiano Hilário